*selecionando algumas músicas de Coldplay
para ouvir enquanto escrevo*
...
Tenho me tornado uma bagunça total nos últimos tempos. Um festival de respostas
prontas, sorrisos forçados, e um verdadeiro show de desconfianças e ceticismo.
Eu não me incomodaria em ser assim se fosse sozinha, mas desde que deixei
algumas pessoas entrarem na minha vida, tive que me moldar para arranjar espaço
e encaixá-las de forma correta.
O
problema dentro disso é que a partir do momento em que encaixo alguém em um
cantinho empoeirado do meu coração, não posso permitir que ela se desenvolva
além dos centímetros que lhe cabem. É mais ou menos como plantar uma árvore: de
início, quando as raízes se fincam e começam a crescer, precisam de espaço. Se
não houver espaço, as raízes vão começar a forçar passagem através de outros
caminhos, e acabam destruindo outros ambientes.
Não
tinha espaço pra você, quando eu te deixei entrar. Tive que desocupar lugares,
limpá-los, esvaziar as mágoas e as poeiras, mandar embora os fantasmas.
Coloquei você aqui dentro e tentei cuidar bem de nós dois, mas seu crescimento
fugiu ao meu controle. Você, além de fincar suas raízes no seu espaço, quis
crescer para outros lados, ocupando mais lugares do que eu normalmente
suportaria. Você ocupou terras mortas, fazendo-as se encherem de vida. Isso é
assustador, para falar a verdade, porque eu sempre soube lidar com decepções e
indiferença, mas não sei me comportar diante de algo como nós.
Você
cresceu demais, amigo!
Apesar
de todas as vezes que eu quis que tudo avançasse devagar, com calma, como se
nós precisássemos desarmar uma bomba. Só que a bomba explodiu. Destroçou-nos, e
cada pedacinho seu que se espalhou por mim criou raízes próprias. Não dá mais
para mandar você embora, e mesmo que desse, ainda restaria um vazio que sempre
me faria lembrar você.
Isso
não é bom. Nem de longe. Sempre gostei de manter relacionamentos sérios com meu
orgulho e minha independência sentimental, e, além disso, fui e ainda sou
ciente de que tenho defeitos que pesam nas minhas costas quando encaro uma
relação a dois. Não sou unilateral, sei bem onde estão meus erros e o quanto
podem prejudicar o desenvolvimento das pessoas que amo aqui dentro. Mas não
consigo refreá-los e atirá-los para longe, então tenho que aprender a conviver
com a existência deles. E com toda a dor que me causam.
As
raízes que você fincou não são compatíveis com os meus erros. Estão te apodrecendo
aqui dentro, maculando sua imagem, fazendo com que eu te veja indiferente e
distante, e te vendo assim, não consigo encontrar forças para cuidar de você.
E
não encontrando forças, te magoo.
E
te magoando, te faço querer ir embora.
E
se você for embora, eu te perco.
E
se eu te perder, meu amigo, eu não me encontro nunca mais!
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