quinta-feira, 1 de maio de 2014

Bom, vejamos...



 
*selecionando algumas músicas de Coldplay
para ouvir enquanto escrevo*

... Tenho me tornado uma bagunça total nos últimos tempos. Um festival de respostas prontas, sorrisos forçados, e um verdadeiro show de desconfianças e ceticismo. Eu não me incomodaria em ser assim se fosse sozinha, mas desde que deixei algumas pessoas entrarem na minha vida, tive que me moldar para arranjar espaço e encaixá-las de forma correta.
O problema dentro disso é que a partir do momento em que encaixo alguém em um cantinho empoeirado do meu coração, não posso permitir que ela se desenvolva além dos centímetros que lhe cabem. É mais ou menos como plantar uma árvore: de início, quando as raízes se fincam e começam a crescer, precisam de espaço. Se não houver espaço, as raízes vão começar a forçar passagem através de outros caminhos, e acabam destruindo outros ambientes.
Não tinha espaço pra você, quando eu te deixei entrar. Tive que desocupar lugares, limpá-los, esvaziar as mágoas e as poeiras, mandar embora os fantasmas. Coloquei você aqui dentro e tentei cuidar bem de nós dois, mas seu crescimento fugiu ao meu controle. Você, além de fincar suas raízes no seu espaço, quis crescer para outros lados, ocupando mais lugares do que eu normalmente suportaria. Você ocupou terras mortas, fazendo-as se encherem de vida. Isso é assustador, para falar a verdade, porque eu sempre soube lidar com decepções e indiferença, mas não sei me comportar diante de algo como nós.
Você cresceu demais, amigo!
Apesar de todas as vezes que eu quis que tudo avançasse devagar, com calma, como se nós precisássemos desarmar uma bomba. Só que a bomba explodiu. Destroçou-nos, e cada pedacinho seu que se espalhou por mim criou raízes próprias. Não dá mais para mandar você embora, e mesmo que desse, ainda restaria um vazio que sempre me faria lembrar você.
Isso não é bom. Nem de longe. Sempre gostei de manter relacionamentos sérios com meu orgulho e minha independência sentimental, e, além disso, fui e ainda sou ciente de que tenho defeitos que pesam nas minhas costas quando encaro uma relação a dois. Não sou unilateral, sei bem onde estão meus erros e o quanto podem prejudicar o desenvolvimento das pessoas que amo aqui dentro. Mas não consigo refreá-los e atirá-los para longe, então tenho que aprender a conviver com a existência deles. E com toda a dor que me causam.
As raízes que você fincou não são compatíveis com os meus erros. Estão te apodrecendo aqui dentro, maculando sua imagem, fazendo com que eu te veja indiferente e distante, e te vendo assim, não consigo encontrar forças para cuidar de você.
E não encontrando forças, te magoo.
E te magoando, te faço querer ir embora.
E se você for embora, eu te perco.
E se eu te perder, meu amigo, eu não me encontro nunca mais!

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